Assim que
atingiu o estado adulto, esticou as pernas e começou a andar, aquela formiga
percebeu que era uma obreira. E, assim, logo começou a trabalhar, seguindo as
mais velhas pelo carreiro fora em busca de alimento para o formigueiro. O
trabalho não era difícil, mas era duro e exigia força e tenacidade. Assim que
identificava algo nutritivo, pegava nele e regressava para o armazenar na
despensa, para logo voltar à procura de mais. Às vezes era coisa leve e
próxima, mas outras vezes, eram coisas mais pesadas do que ela própria e
estavam distantes, pelo que ficava extenuada. Além do perigo que representava
atacar outros bichos que ainda não estavam mortos e podiam responder ao ataque.
Apesar de trabalharem em equipa, as baixas eram frequentes e, juntamente com a
presa, lá iam também os cadáveres das companheiras que, ali, nada se podia
desperdiçar. Assim se passaram os dias daquela formiga. Até que um dia,
sentindo-se cansada, observou que as formigas soldado levavam uma vida folgada.
Como o local era tranquilo, não tinham mais nada que fazer do que ir passeando
pelos carreiros a incitar as obreiras a trabalhar mais depressa. E, como pensou
que aquilo não era justo, no dia seguinte, em vez de sair para o trabalho,
juntou-se às soldados e ficou a ver trabalhar as colegas. Logo uma das soldados
lhe perguntou o que pensava ela que estava a fazer. Ao que ela respondeu,
prontamente: estou cansada de ser obreira, agora chegou a minha vez de ser
soldado e também descansar. E não queres mais nada? questionou então a soldado,
Uma bebida fresca, alguém que te carregue ao colo ou o rabinho lavado com água
de colónia? Alguém que me leve era simpático, já que me doem tanto os meus
pezinhos, respondeu a formiga, não se apercebendo da ironia da pergunta. É para
já, respondeu a soldado. E com um golpe certeiro das tenazes cortou-a ao meio e
mandou que duas obreiras carregassem as metades de volta ao formigueiro para
servir de alimento às restantes.
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