David Teles Ferreira

aqui vou publicando o que vou escrevendo

quarta-feira, 23 de março de 2016

Num jorro



Às vezes é assim. As palavras rompem de madrugada. De repente. Sem aviso. Como água que corre, encontram o seu percurso . Ficam logo alinhadas. Arrumadas no sítio certo. E quando as passamos ao papel é como se outro as escrevesse. Ou no-las ditasse ao ouvido. Num jorro. Depois é como se só nesse momento despertasse. É só arranjar um pouco. Corta aqui. Apara ali. Acrescenta uma virgula acolá. Limpa um ruído que arranha a sensibilidade. E fica pronto. Mas sempre com a estranha sensação de não sabermos donde vieram as palavras.

3 comentários:

  1. É, às vezes acontece assim. Outras vezes, uma qualquer represa misteriosa não deixa fluir os pensamentos/palavras...

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  2. E as palavras que se perdem no caminho? Entre o momento em que elas nos batem à porta, de jorro mas silenciosamente, muito ciosas de si, e nós confiamos cegamente nelas, que não nos abandonarão, que se mostrarão mais tarde quando delas nos quisermos recordar. Até porque - quantas vezes - delas ficámos enamorados! Traidoras! ...

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  3. As palavras rompem em qualquer altura. Basta estarmos com a mente de vigília.
    António, e as palavras serem um registo gráfico do nosso EU?!

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