Às vezes o corpo revolta-se. Pensa por si próprio e
não obedece à cabeça. Repele o que o cérebro manda atrair. E vice-versa. Dói
onde não deve. Recusa doer onde está magoado. Continua em movimento quando a
razão o manda parar. Imobiliza-se quando a cabeça lhe diz para avançar. Entra
numa espécie de modo automático, sem controlo nem porquê. Quando damos por ela
já está. Seja asneira ou acto heróico. Seja coisa certa ou errada. Estrague ou
resolva a nossa vida. Fiquemos aleijados ou salvemos alguém. E depois passamos
muito tempo, quando não o resto da existência, a receber os louros ou a resolver
os danos. Ou, tão simplesmente, a conformar-nos com eles.
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