Um ruído desperta-me e espanta-me o sonho. Corro
atrás dele, muito quieto, para melhor o alcançar, mas não consigo lá regressar.
Não me lembro do que estava a sonhar, mas devia ser bom pois sentia-me bem.
Porque será que é mais fácil recordarmos os pesadelos do que os sonhos
bonançosos? Que quando acordamos sobressaltados, com o coração a bater
descompassadamente, cobertos de suor por causa de um pesadelo, rememoramos
todos os pormenores perturbantes? E que depois de acordarmos lhes queremos
encontrar significados ocultos? Prenúncios de desgraças? E que, quantas vezes,
esquecemos com o despertar os sonhos agradáveis? Devia ser ao contrário.
Devíamos esquecer os maus e guardar os bons na memória. Mas, supremo
masoquismo, fazemos o mesmo com os sonhos que sonhamos acordados.
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