David Teles Ferreira

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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Os sonhos que sonhamos



Um ruído desperta-me e espanta-me o sonho. Corro atrás dele, muito quieto, para melhor o alcançar, mas não consigo lá regressar. Não me lembro do que estava a sonhar, mas devia ser bom pois sentia-me bem. Porque será que é mais fácil recordarmos os pesadelos do que os sonhos bonançosos? Que quando acordamos sobressaltados, com o coração a bater descompassadamente, cobertos de suor por causa de um pesadelo, rememoramos todos os pormenores perturbantes? E que depois de acordarmos lhes queremos encontrar significados ocultos? Prenúncios de desgraças? E que, quantas vezes, esquecemos com o despertar os sonhos agradáveis? Devia ser ao contrário. Devíamos esquecer os maus e guardar os bons na memória. Mas, supremo masoquismo, fazemos o mesmo com os sonhos que sonhamos acordados.

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