O gaio voou até à árvore. Pousou num dos ramos superiores. O gato
dormia na confluência de dois dos troncos principais. O pássaro pareceu
não dar pela presença do gato. O felino aparentou continuar a dormir mas, quem
o olhasse com mais atenção, daria conta que entreabriu ligeiramente um olho e
agitou um pouco a cauda. O pássaro saltitou de ramo em ramo. Mais acima. Mais à
esquerda. Mais para o meio. Mais abaixo. Aproximando-se do gato que fingia
dormir. O gaio agitava a cabeça, olhando em volta. O gato agitava de quando em
quando a ponta da cauda, numa sacudidela rápida. Como era possível que o
pássaro não visse o gato? Que continuasse a aproximar-se dele, aparentemente
descuidado? Quando o gaio estava ao seu alcance, o gato saltou. O gaio, mais
atento do que ele esperava, desviou-se no último segundo o que o atrapalhou. O
gato falhou o pássaro e o ramo e estatelou-se no chão. O gaio volteou no ar e
executou um voo por cima do gato, mas fora do alcance dele, afastando-se com um
piar áspero que parecia uma gargalhada. O gato sacudiu-se. Olhou em volta e,
como se não se tivesse passado nada, foi dormir para outro lado.
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