Às vezes as palavras secam. Como as lágrimas. Ficam
retidas num nó na garganta. Na imobilidade das mãos. Secam e ficam a
turbilhonar cá dentro. Como se um vento agreste as espalhasse. Como ondas que
na beira da praia não se aquietam. Não conseguimos juntar duas sem que logo se
dispersem. Balbuciamo-las interiormente, como uma criança a começar a falar,
tentando achar sentidos. Organizar pensamentos. Tentamos encontrar uma
coerência na confusão de palavras que nos assola. E acabamos sem saber se a
secura, a desordem das palavras, é causa ou consequência do nosso caos interior.
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