Era apenas um pássaro. Uma pequena ave que nem
sequer conseguia ver. Mas era a sua alegria. Passava a noite acordado à espera
dele. Desde o acidente que não se conseguia mover e o tinham depositado naquele
quarto sombrio em que nem conseguia olhar pela janela. Por isso toda a noite
velava. E sonhava acordado com uma vida. Com muitas vidas. Vivia-as todas
intensamente. Viajava. Amava. Abraçava. Mas, de madrugada, ficava apenas a
aguardar o pássaro numa crescente expectativa. E, quando o ouvia começar a
cantar, finalmente adormecia. Em paz.
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