David Teles Ferreira

aqui vou publicando o que vou escrevendo

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A secura das palavras



Às vezes as palavras secam. Como as lágrimas. Ficam retidas num nó na garganta. Na imobilidade das mãos. Secam e ficam a turbilhonar cá dentro. Como se um vento agreste as espalhasse. Como ondas que na beira da praia não se aquietam. Não conseguimos juntar duas sem que logo se dispersem. Balbuciamo-las interiormente, como uma criança a começar a falar, tentando achar sentidos. Organizar pensamentos. Tentamos encontrar uma coerência na confusão de palavras que nos assola. E acabamos sem saber se a secura, a desordem das palavras, é causa ou consequência do nosso caos interior.

Sem comentários:

Enviar um comentário