David Teles Ferreira

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quarta-feira, 16 de março de 2016

A ironia dos nomes

José Felicíssimo da Costa não foi um homem realizado. O pai lhe deu esse nome por ter sido um filho muito desejado, mas que tardou em chegar. Por isso lhe deu o nome de como se estava a sentir. Mas a mãe nunca recuperou totalmente da gravidez de risco e do parto difícil. Ficou sempre uma mulher frágil e doente que acabou por falecer quando Felicíssimo era ainda criança. O pai, apesar da alegria que era ver o filho a crescer, com a morte da mulher tornou-se um homem acabrunhado que tentava esconder a tristeza sem o conseguir. José Felicíssimo cresceu neste ambiente e, influenciado por ele ou já de naturais tendências, tornou-se um homem melancólico. Nada lhe parecia correr bem na vida, embora não se pudesse dizer que lhe corresse propriamente mal. Andava sempre em busca de algo que justificasse o nome. Por isso quando conheceu Maria Felicidade da Silva pensou que ela era a mulher indicada para si. E que, de algum modo, a sua busca chegara ao fim. Também ela era uma alma inquieta incansavelmente à procura nem ela sabia bem de quê. E fazia jus ao nome, pois picava por tudo e por nada. Enamoraram-se perdidamente. Casaram e foram infelizes para sempre.

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