José Felicíssimo da Costa não foi um homem realizado.
O pai lhe deu esse nome por ter sido um filho muito desejado, mas que tardou em
chegar. Por isso lhe deu o nome de como se estava a sentir. Mas a mãe nunca
recuperou totalmente da gravidez de risco e do parto difícil. Ficou sempre uma
mulher frágil e doente que acabou por falecer quando Felicíssimo era ainda
criança. O pai, apesar da alegria que era ver o filho a crescer, com a morte da
mulher tornou-se um homem acabrunhado que tentava esconder a tristeza sem o
conseguir. José Felicíssimo cresceu neste ambiente e, influenciado por ele ou
já de naturais tendências, tornou-se um homem melancólico. Nada lhe parecia
correr bem na vida, embora não se pudesse dizer que lhe corresse propriamente
mal. Andava sempre em busca de algo que justificasse o nome. Por isso quando
conheceu Maria Felicidade da Silva pensou que ela era a mulher indicada para
si. E que, de algum modo, a sua busca chegara ao fim. Também ela era uma alma
inquieta incansavelmente à procura nem ela sabia bem de quê. E fazia jus ao
nome, pois picava por tudo e por nada. Enamoraram-se perdidamente. Casaram e
foram infelizes para sempre.
Sem ironia, o texto ficou muito bom.
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