Vivem vidas pequeninas por falta de ambição. Ou por
medo de arriscar. Vidas vazias. Pedem apenas um homem, não impreterivelmente
sempre o mesmo, para um pouco de cama e uns jantares ou umas saídas e, de
preferência, que vão pagando as refeições. Contentam-se com pouco. O resto do
tempo vivem sós, com os gatos ou cães quando os têm, ocupando-se a mais das
vezes em arrumações obsessivas e visitas aos shoppings. Vivem as vidas dos
personagens das novelas da televisão, das figuras públicas que aparecem nas
revistas ou das pessoas da vizinhança, em vez das próprias. E sobretudo
criticam quem vive a vida de forma mais plena sem dar satisfações aos outros,
com mal disfarçada inveja. Quem arrisca amar, mesmo que possa ferir-se. Às
amigas e conhecidas recomendam o mesmo estilo de vida. Dizem-lhes que assim não
têm chatices. Mas, por estranha coincidência, passam o tempo com depressões e
doenças dos nervos. Com insónias e melancolias. Às vezes há mágoas passadas que
explicam o medo mas não o justificam. A desistência não é solução. Também há
homens que vivem assim. Basta trocar os pronomes, as arrumações por bricolagens
e as novelas por futebol.
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