David Teles Ferreira

aqui vou publicando o que vou escrevendo

segunda-feira, 4 de maio de 2015

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O barco aproxima-se do porto. Viajante de torna-viagem, sinto a ânsia de chegar. Durante meses corri mundo numa busca com sentido, mas sem alvo. Percorri terras e mares. Continentes e oceanos. Muitas ilhas. Conheci gente de muitas falas e cores. Mas viajei sobretudo dentro de mim, como já sabia que ia acontecer quando parti. E que foi o principal motivo da partida. Em muitos sítios senti que tinha chegado, mas logo voltei a partir. Em muitos pensamentos cheguei a conclusões, para logo voltar a perguntar. E, assim, volto ao ponto de partida. Volto ao sítio a que me habituei a chamar casa embora, nesta viagem, tenha descoberto que a nossa casa é dentro de nós. Uma descoberta de muitas. Mas descobertas nem sempre são conclusões. São a maior parte das vezes novos princípios. O barco encosta ao cais. Piso terra e sinto logo nos pés um formigueiro. Dizem que sucede aos marinheiros. Mas eu sei que é o desejo de voltar a partir.

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