O barco aproxima-se do porto. Viajante de
torna-viagem, sinto a ânsia de chegar. Durante meses corri mundo numa busca com
sentido, mas sem alvo. Percorri terras e mares. Continentes e oceanos. Muitas
ilhas. Conheci gente de muitas falas e cores. Mas viajei sobretudo dentro de
mim, como já sabia que ia acontecer quando parti. E que foi o principal motivo
da partida. Em muitos sítios senti que tinha chegado, mas logo voltei a partir.
Em muitos pensamentos cheguei a conclusões, para logo voltar a perguntar. E, assim,
volto ao ponto de partida. Volto ao sítio a que me habituei a chamar casa
embora, nesta viagem, tenha descoberto que a nossa casa é dentro de nós. Uma
descoberta de muitas. Mas descobertas nem sempre são conclusões. São a maior
parte das vezes novos princípios. O barco encosta ao cais. Piso terra e sinto
logo nos pés um formigueiro. Dizem que sucede aos marinheiros. Mas eu sei que é
o desejo de voltar a partir.
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