Quem ri agora? Quem? Agora já não ris, como quando
vinhas ter comigo e eu me assustava só por te ver. Por te pressentir. Por saber
o que ia acontecer a seguir. Já não sorris como quando me magoavas. E sabias
que me magoavas. Magoavas tanto. De tantas maneiras. Sempre a sorrir. A dor
física nem era a pior. Doía-me mais ver que me causavas dor enquanto sorrias.
Doía-me mais a alma ou o coração ou o que lhe queiram chamar. Doía-me o não ser
capaz de resistir. Na altura só pensava que um dia eu iria crescer e quem iria
rir seria eu. Que quem ri no fim ri sempre melhor. Agora quem tem vontade de
rir? Embora eu tenha crescido, e tudo tenha terminado, não acabou dentro de
mim. Continuo a sentir dor. E mágoa. Sinto alívio, é certo. Mas nenhuma vontade
de rir.
Rir é um sopro de vida.
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