Para a frente é que é o caminho. É sempre a aviar. E
quem ficar mal que se lixe. Quero lá saber. É um abre olhos. Aprendam a ser
espertos como eu. O que interessa é ir-me safando. Saco daqui. Tiro dali. Vou
pagando uns atrasados, quando não pode deixar de ser, para me largarem as
canelas ou lhes ferrar a seguir outra maior. A uns faço-me de coitadinho. A
outros de doutor ou empresário ou as duas coisas, que ainda é melhor. É
conforme a pinta do otário. Até me admira como caem tão facilmente. Deve ser
por isso que quase ninguém faz queixa, para não mostrarem como são estúpidos. E
quanto mais gananciosos são mais fácil é dar-lhes a volta e mais gozo me dá. E
proveitos também, normalmente. É a avidez que os perde. São mesmo uns tristes,
passam anos a poupar e a aferrolhar, não desfrutam da vida, e depois entregam-me
a massa num instantinho. Grandes parvos. Mas não tenho pena deles. Abram a
pestana. O que me interessa a mim é que me ando a safar e a gozar à grande há
uma data de anos. E não me apanham. Não posso é parar. Tem de ser sempre a
andar, sempre a andar.
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