Caí ao chão e parti-me em bocados. Estilhacei-me.
Não há cola que me valha, mesmo que fosse possível encontrar todos os
fragmentos. Apesar disso, com o cimento da vontade me vou reconstruindo. Pedaço
a pedaço. Tentando preencher com memórias as partes em falta ou demasiado
destruídas. É um trabalho minucioso e demorado. Uma tarefa utópica e ciclópica.
Sem fim à vista, já que há constantes derruimentos. É um reedificar contínuo.
Permanente. Sempre com a dúvida se o estou a fazer correctamente. Se ponho as
peças nos sítios certos. Ou se devo ser fiel ao original, com os mesmos erros e
virtudes, ou, pelo contrário, aproveitar para modificar e corrigir. É uma luta
de emoções. Sentimentos fortes e díspares. Quantas vezes desesperador. Muitas
vezes angustiante. Mas sempre gratificante. E, assim, vou voltando a ser eu.
Mas jamais o mesmo.
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