David Teles Ferreira

aqui vou publicando o que vou escrevendo

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Estilhacei-me



Caí ao chão e parti-me em bocados. Estilhacei-me. Não há cola que me valha, mesmo que fosse possível encontrar todos os fragmentos. Apesar disso, com o cimento da vontade me vou reconstruindo. Pedaço a pedaço. Tentando preencher com memórias as partes em falta ou demasiado destruídas. É um trabalho minucioso e demorado. Uma tarefa utópica e ciclópica. Sem fim à vista, já que há constantes derruimentos. É um reedificar contínuo. Permanente. Sempre com a dúvida se o estou a fazer correctamente. Se ponho as peças nos sítios certos. Ou se devo ser fiel ao original, com os mesmos erros e virtudes, ou, pelo contrário, aproveitar para modificar e corrigir. É uma luta de emoções. Sentimentos fortes e díspares. Quantas vezes desesperador. Muitas vezes angustiante. Mas sempre gratificante. E, assim, vou voltando a ser eu. Mas jamais o mesmo.

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