Invento eus. Um dia sou viajante. Outro dia
prisioneiro. Um outro sem abrigo. Outro ainda sou mulher. Posso ser tudo o que
eu quiser. Até pássaro, ou árvore, ou peixe. Posso até ser vários ao mesmo
tempo. Todos os dias invento um novo eu e brinco com ele. E assim posso sair a
correr mundo. Regressar ou não. Voar nos mais altos céus ou submergir no mar
imenso. Gozar calmarias ou enfrentar tempestades. Viajar para universos
paralelos. Ou, tão somente, mergulhar no mais profundo desse eu inventado. Um
eu que é feito dos mesmos átomos, mas que não é o meu eu real. Que em comum
comigo tem apenas a matéria. É um jogo que jogo comigo próprio. Que me permite
evadir de mim. Que me possibilita reflectir de outras perspectivas. Pensar
pensamentos sendo outro.
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