Às vezes parecia que andava ávido. Que não podia
perder nenhuma oportunidade que lhe ofereciam, desde que fosse grátis. Talvez
por ter tido dificuldades económicas a certa altura da vida. Parecia andar
sempre aguado. E nessa sofreguidão acabava, tantas vezes, por trocar o
essencial pelo acessório. Por perder coisas mais importantes. Por não descobrir
algo novo. Era uma voracidade por coisas, não por viver. Quantas vezes trocou
estar com a namorada por um almoço ou um jantar, só porque era oferecido.
Quantas vezes trocou uma viagem por uma festa, sempre igual. Quantas vezes
confundiu bajulice com amizade. Quantas vezes julgava estar a aproveitar a vida
quando, na realidade, estava a desperdiçá-la. E no fim, acabou a fintar a
solidão.
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